Laura de Mello e Souza é professora titular de História Moderna da Universidade de São Paulo. É autora de O Diabo e A Terra de Santa Cruz (1986) e O Sol e a Sombra (2006), entre outros livros. Organizou e foi co-autora do primeiro volume de A História da Vida Privada no Brasil.
Para responder esta pergunta, a primeira frase que me ocorre é a resposta clássica dada pelo grande Marc Bloch a seu neto, quando o menino lhe perguntou para que servia a História e ele disse que, pelo menos, servia para divertir. Após 35 anos de vida profissional efetiva, como pesquisadora durante seis anos e, desde então – 29 anos – também como docente na Universidade de São Paulo, considero que a diversão é essencial, entendida no sentido de prazer pessoal: a melhor coisa do mundo é fazer algo que gostamos de fato, e eu sempre adorei História, sempre foi minha matéria preferida na escola, junto com as línguas em geral, sobretudo italiano e português, e sempre mais a literatura que a gramática.
Mas a História é, tenho certeza disso, uma forma de conhecimento essencial para o entendimento de tudo quanto diz respeito ao que somos, aos homens. Os humanistas do renascimento diziam que tudo o que era humano lhes interessava. A História é a essência de um conhecimento secularizado, toda reflexão sobre o destino humano passa, de uma forma ou de outra, pela História. Sociologia, Antropologia, Psicologia, Política, todas essas disciplinas têm de se reportar à História incessantemente, e com tal intensidade que o historiador francês Paul Veyne afirmou, com boa dose de provocação, que como tudo era História, a História não existia (em Como escrever a História). Quando os homens da primeira Época Moderna começaram a enfrentar para valer a questão de uma história secular, que pudesse reconstruir o passado humano independente da história da criação – dos livros sagrados, sobretudo da Bíblia – eles desenvolveram a erudição e a preocupação com os detalhes, os fatos, os vestígios humanos – as escavações arqueológicas, por exemplo – e criaram as bases dos procedimentos que até hoje norteiam os historiadores. Mesmo que hoje os historiadores sejam descrentes quanto à possibilidade de reconstruir o passado tal como ele foi, qualquer historiador responsável procura compreender o passado do modo mais cuidadoso e acurado possível, prestando atenção aos filtros que se interpõem entre ele, historiador, e o passado. Qualquer historiador digno do nome busca, como aprendi com meu mestre Fernando Novais, compreender, mesmo se por meio de aproximações. Compreender importa muito mais do que arquitetar explicações engenhosas ou espetaculares, e que podem ser datadas, pois cada geração almeja se afirmar com relação às anteriores ancorando-se numa pseudo-originalidade.
Sem querer provocar meus companheiros das outras humanidades, eu diria que a Antropologia nasce a partir da História, e porque os homens dos séculos XVI, XVII e XVIII começaram a perceber que os povos tinham costumes diferentes uns dos outros, e que esses costumes deviam ser entendidos nas suas peculiaridades sem serem julgados aprioristicamente. É justamente a partir desse conhecimento específico que os observadores podem estabelecer relações gerais comparativas e tecer considerações, enveredar por reflexões mais abstratas. Portanto, a História permite lidar com as duas pontas do fio que possibilita a compreensão do que é humano: o particular e o geral.
A História é fundamental para o pleno exercício da cidadania. Se conhecermos nosso passado, remoto e recente, teremos melhores condições de refletir sobre nosso destino coletivo e de tomar decisões. Quando dizemos que tal povo não tem memória – dizemos isso frequentemente de nós mesmos, brasileiros – estamos, a meu ver, querendo dizer que não nos lembramos da nossa história, do que aconteceu, por que aconteceu, e daí escolhermos nossos representantes de modo um tanto irrefletido – na história recente do país, o caso de meu estado e de minha cidade são patéticos - de nos sentirmos livres para demolirmos monumentos significativos, fazermos uma avenida suspensa que atravessa um dos trechos mais eloquentes, em termos históricos, da cidade do Rio de Janeiro, o coração da administração colonial a partir de 1763, o palácio dos vice-reis. Quando olho para a cidade onde nasci, onde vivo e que amo profundamente fico perplexa com a destruição sistemática do passado histórico dela, que foi fundada em 1554 e é dos mais antigos centros urbanos da América: refiro-me a São Paulo. Se administradores e elites econômicas tivessem maior consciência histórica talvez São Paulo pudesse ter um centro antigo como o de cidades mais recentes que ela – Boston, Quebec, até Washington, para falar das cidades grandes, que são mais difíceis de preservar.
Não acho que se toda a humanidade fosse alimentada desde o berço com doses maciças de conhecimento histórico o mundo poderia estar muito melhor do que está. Mas a falta do conhecimento histórico é, a meu ver, uma limitação grave e, no limite, desumanizadora. Acho interessante o fato de muitas pesquisas indicarem que, excluindo os historiadores, obviamente, o segmento profissional mais interessado em História é o dos médicos. Justamente os médicos, que lidam com pessoas doentes, frágeis e amedrontadas diante da falibilidade de seu corpo e da inexorabilidade do destino humano. E que têm que reconstituir a história da vida daquelas pessoas, com base na anamnese, para poder ajudá-las a enfrentar seus percalços. Carlo Ginzburg escreveu um ensaio verdadeiramente genial, sobre as afinidades do conhecimento médico e do conhecimento histórico, ambos assentados num paradigma indiciário (refiro-me ao ensaio “Sinais – raízes de um paradigma indiciário”, que faz parte do livro Mitos – emblemas – sinais). Portanto, volto ao início, à diversão, e acrescento: o conhecimento histórico humaniza no sentido mais amplo, porque ajuda a enxergar os outros homens, a enfrentar a própria condição humana.●
Belo texto que realmente inspira a todos nós historiadores os quais sentimos que o mundo precisa mesmo de mais história...
ResponderExcluirA história é tudo aquilo que acontece todos os dias em nossa vida e não percebemos...tudo é história!cada objeto,um animal,qualquer coisa possui uma história pra contar e o historiador dá vida a isso.
ResponderExcluirEu amei o que ela disse, parabéns pelo seu maravilhoso trabalho Laura.
Adorei!
ResponderExcluirSempre admirei o trabalho da Profa. Laura. Fui seu aluno na graduação e é sempre com emoção que leio um de seus preciosos livros ou textos. Este reacende em mim a chama de ser um Historiador.
ResponderExcluirEu sou professor de História e sempre que me perguntam porque estuda-la eu respondo com uma analogia. Imagina um indivíduo que se acidenta na rua, indo para o seu trabalho, e acorda no hospital sem memória. Como ele se sentiria? Para onde ele iria, se ele não sabe de onde estava vindo. Isso chama-se desorientação. Eu concluo, com essa "estorinha" dizendo que ninguém sabe para onde ir, se não souber de onde veio. É no passado que estão as experiências que nos tornou o que somos agora. Como posso provar que sou honesto sem verificar minha vida pregressa? Então! Olhar para o passado é encontrarmos nos mesmo no presente. Será que me fiz entender. Saudações a todos.
ResponderExcluirMuito boa sua explicação e comparação, se me permite vou usá-la nas minhas aulas. Valeu?
ExcluirEspetáculo de leitura! Muito bom saber de onde se veio e como veio!
ResponderExcluirLixo. Vai para casa cozinhar vai mulher, você sabe fazer isso? Estudar história serve para ficar mais burro, ou seja, aprender o comunismo. Esse texto tira todo o conteúdo real da história e a preenche com um véu ideológico, que é exatamente o que o lixo comunista faz. Eu fiz história na UNESP e lá não se aprende porcaria nenhuma, apenas a ser um otário e arranjar um cargo público. "Estudar de forma secular sem textos divinos?". Esse é o nível dos "professores" brasileiros de hoje. Tudo que a história moderna faz é reinventá-la de acordo com os objetivos políticos de quem a escreve. História hoje em dia não é mais sobre documentos e relativa ao que os autores escreveram e sim, sobre ideias ficticias e sobre o que os "autores quiseram dizer".
ResponderExcluirCaro fdsfdsfs,
ExcluirVocê é muito inteligente, sua linha de pensamento me deixou realmente assombrada, seus conceitos são firmes, profundos, bem definidos e ainda mais: expressa-se com uma elegância no uso/escolha das palavras de forma admirável. Conseguiu demonstrar que sabe realmente o que está dizendo, pois é conhecedor do assunto, afinal, "estudou lá"...
Suponho que não tenha concluído o curso, não é? Pois não gastaria seu tempo com tanto lixo, informações absolutamente inúteis...se bem que eu acredito que quando se é inteligente, sabe-se filtrar o que nos serve daquilo que não, pois há lixo que serve para adubo...não é verdade?
Uma inteligência de alta performance não deveria ocultar sua identidade, uma vez que a humanidade merece ( ou não???) conhecer uma mente com um desenvolvimento intelectual tão elevado, com uma perspicácia tão aguçada! Mas eu posso entender...trata-se de humildade, modéstia,é claro!
:) Não haveria resposta melhor para um ser tão ignóbil. Obrigada Mirian.
ExcluirPor nada. Aceito opiniões contrárias, mas que sejam apresentadas de forma educada e respeitosa. Nossas opiniões não adquirem mais peso nem força se formos grosseiros. Pelo contrário, né?
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ExcluirQuantas palavras para nenhum conteúdo. Como poderia não me formar se nesse País nada se faz com as patas do Estado em cima Lixo industrial não se aproveita... Eu estou falando de uma situação específica, a educação em Humanas, mais especificamente em História, praticamente em qualquer Universidade hoje em dia é uma porcaria, pois foi ocupada por quem quer destruir o Brasil através do comunismo. Bom, a situação é mais complicada que isso mas basicamente é o que acontece.
ExcluirPor acaso você sabe qual é a situação atual? Você acha que alguem que mente e tenta destruir os outros merece "respeito"? O que eu desrespeitei? Apenas escrevi o que vejo. Essa polidez nas descrições só serve para mascarar a realidade, e isso eu já estou cansado de ver. Precisaria de muitos livros para entender a atual situação, aqui eu só estou denunciando. Digo de novo, hoje a História é reformulada aos olhos de quem a escreve.
Resposta para Elisson:
ExcluirPq algumas pessoas se prestam a esse papel? Se vc não soube aproveitar o curso de História da Unesp Franca é um problema único e exclusivamente seu, eu tbem fiz História na UNESP, como vc bem sabe, e diferentemente de vc aprendi muito e tive ótimos professores, sem os quais hoje não poderia estar cursando minha pós-graduação. Os únicos sentimentos possíveis ao saber de alguém que frequentou o mesmo curso que vc e na mesma turma, mas não obteve o mesmo aproveitamento, é vergonha e pena!
Se vc não gosta dos estudos ou da abordagem da professora Laura de Mello, então como um verdadeiro historiador, dê argumentos para suas proposições! dizer que a história não corresponde a realidade como se isso fosse um problema é algo extremamente estranho para mim, pois é exatamente isso que aprendemos no curso que as verdades são construídas e que os discursos tem sua intencionalidade. Acho ainda pior vc dizer que cursou História, pois ao que parece, não aprendeu nada! Para mim, a sua falta de aproveitamento pode ter duas razões (não excludentes):A Primeira uma dificuldade cognitiva e a segunda que essa sua visão da "VEJA" o tenha impossibilitado de perceber e entender as discussões que tivemos ao longo desses 4 anos. Pois vc tanto quanto eu deveria saber que em nosso curso o que impera são os debates pós-modernos que nada tem a ver com comunismo!
Realmente vc tem toda razão qualquer um se forma hj e vc é mais um para endossar essa triste estatística. Faça um favor para a sociedade e para seus futuros alunos... queime seu diploma! pois vc não merece ostentar o título de bacharel e menos ainda de licenciado em História!
Lamentável!
Pois é, você cursou na minha classe. Parabéns pelas analises de minha pessoa, porém todas elas estão erradas. Você não deve ter a capacidade de julgar-se a si mesmo, quanto mais outra pessoa. "...pois é exatamente isso que aprendemos no curso que as verdades são construídas e que os discursos tem sua intencionalidade", aí você confirma o que eu disse, não existe documento, e sim a vontade de quem escreve.
ExcluirVisão da VEJA? que visão da VEJA é essa?
Modernismo é apenas uma forma de marxismo, e isso você ignora porque não é uma informação acessível no meio acadêmico. Tudo, absolutamente tudo no curso tem a ver com o comunismo.
Eu com certeza rasgaria o diploma, porém eu não posso fazer isso porque o Estado me obriga a tê-lo. Pode ficar tranquilo, que eu não farei nada em nome dessa "universidade", ela que se destrua sozinha. Continue, você está indo bem, está dando certo, o Brasil sempre tira o último lugar nos testes internacionais.
Se eu não mereço um título de bacharel, você não merece um título de aluno.
Como você disse, lamentável.
Sabe Elisson eu não sei se penso isso:
Excluirhttp://www.youtube.com/watch?v=0XfoaPLeO_k
ou isso:
http://www.youtube.com/watch?v=ZogmWx6LkPQ
Olha ai, você que não quer se identificar, você não sabe o que pensa porque não sabe pensar, é apenas um macaco acéfalo. Imagine quem tem a infelicidade de conviver com você. Chamar você de burro é um elogio.
ExcluirOlha o que eu acho https://www.youtube.com/watch?v=F-OLg2cp6Og
Nossa Elisson que feio isso, esquecer dos amigos, só é triste ver que vc comprou um discurso a la CIVI que é um discurso extremamente Burro... Triste nem uma chuva de rola te salva agora dessa furada..
ExcluirJack.
Elisson, tenho vergonha de você e mais ainda por você ter conseguido se formar. Sempre achei que qualquer um poderia se formar, hoje tive essa certeza. Primeiramente, você não consegue escrever alguma coisa que faça sentido. Deve ter se decepcionado com o curso ou com algum professor que não te deu "parabéns" nas provas e ficou enlouquecido, agora sai escrevendo coisas sem a menor noção e mais... Envergonha a todos que são e que estão se formando e se pós-graduando.
ExcluirFico triste por você, pelas suas frustrações, sua desilusão, mas fica aqui meu apelo: Não exerce a sua profissão, que aqui no Brasil pelo menos tá super lotado de acéfalos como você, e o resultado disso vai ser um só, de disseminar ignorância e rancor por ai.
Abraços.
OBS: Ficar postando vídeos do youtube como referência pra sustentar seus argumentos é infantil e por favor, né... Youtube pra falar por você? Nem preciso comentar mais.
ExcluirElisson, em relação à última frase do comentário das 11:26h do dia 12 de junho de 2013 - "hoje a História é reformulada aos olhos de quem a escreve" -, só uma pergunta: já existiu alguma historiografia onde a história não foi reformulada aos olhos de quem a escreveu?
ExcluirAbçs
Olavo de Carvalho e seus seguidores neuróticos, quem aguenta?
ExcluirQue interessante! O lixo chama os outros de lixo. Parece que não consegue distinguir nada de si mesmo. O grave aí é a UNESP. Como é que pode sair uma porqueira dessas de lá?
ExcluirCom certeza, o Elisson não sabe que o historiador é um homem do seu tempo e escreve para o seu tempo, assim sendo escreve sobre sua visão. Parece oue o que ele quer é uma História positivista, narrativa, sem nenhum fundo analítico, a hsitória dos heróis, das bravuras e das bravatas de alguns indivíduos. Ele prcisa saber que a história é feita por seres humanos no seio de suas relações em sociedade. Tive professores marxistas e não marxistas, o debate só fez aumemtar os meus conhecimentos. Lamentável que as decepçoes de alguns os levam ao ódio e ao rancor.
ExcluirNesse debate raivoso,onde esse Elisson não apresenta nenhum argumento ou fundamento, seria bom acrescentar que todo historiador digno desse nome trabalha a partir de documentos, que são disponibilizados para quem quiser conferir. O que variam são as visões de mundo, as interrogações que são próprias de cada época. A profa Laura é um ótimo exemplo de profissional sério na área.
ExcluirBravos, Laura. Exemplar, sempre!
ResponderExcluirExcelente ! Bravíssimo!
ResponderExcluirCaramba, que texto baita. Adorei. Abreijos menina Laura. Paz, luz e ternura, hoje e sempre.
ResponderExcluirDe fato a história nacional (moderna e antiga) é imprescindível para todos nós. Isso é INCONTESTÁVEL até mesmo para o Elisson. Porém, como amante da matemática e do raciocínio lógico, tenho certas dificuldades na disciplina. Não em aprendê-la, mas em compreendê-la, estabelecer importâncias e tudo mais.Assim sendo, fui orientado por meu irmão a ler este texto e buscar, de certa forma uma ajuda ou motivação para estudo da mesma.
ResponderExcluirDesta maneira, deixo aqui minha dúvida(espero não estar desrespeitando quem se interessa pela matéria).
Reforçando o que eu disse, o estudo do Brasil é de extrema importância, desde o descobrimento aos períodos atuais. Contudo, alguém sabe dizer o porquê de estudarmos (ao menos no fundamental e médio) conteúdos como Grécia antiga (milênios antes de Cristo), Império Romano, forma como o clero explorava um camponês mil anos atrás... poderia ficar uma eternidade citando outros exemplos.
Quero dizer, já passou. Que se f*** (desculpem-me). De nada isso interfere em nossa civilização atualmente (acho)!
PS: não quero julgar como desnecessário ou nada assim, somente acredito que se focássemos mais em ver o quanto sofremos com a alta carga tributária exercida sobre a população, especialmente as mais pobres, ou se os professores de história falassem da corrupção e mostrassem aos alunos, desde pequenos, que moramos no país onde MAIS SE DESVIA DINHEIRO PÚBLICO NO MUNDO... ai sim seriamos desenvolvidos, cultos e CONSCIENTES.
Olá, Mateus!
ExcluirCompreendi sua dúvida e também é uma questão que tenho.
Essa situação ocorre porque o currículo nos moldes atuais é muito conteudista. Muita coisa "desnecessária" está nele e muita coisa necessária passa longe do mesmo.
E esse conteúdo em demasia não é "privilégio" da história. A matemática, a física, a química, a biologia, a filosofia etc. são disciplinas recheadas de assuntos desvinculados da realidade discente, o que colabora para o desinteresse do educando.
E pelo que vejo, ainda falta muito para essa mentalidade conteudista ser superada, posto que o vestibular é o maior exemplo de como esse ideal ainda é forte no imaginário da educação no Brasil. Vestibular esse que é uma mescla de "enciclopedismo" e meritocracia que só serve para perpetuar as desigualdades sociais fomentadas pela desigualdade de acesso.
Sobre a Grécia, Império Romano, Medievo etc. eles "interferem" sim em nossa sociedade, mas a forma que aprendemos desconsidera essas "interferências". Existem muitas instituições e costumes em nossa época que foram construídos e reconstruídos com o passar dos anos desde à Antiguidade. Só para exemplificar, a democracia é um conceito/instituição da Grécia Clássica. E por mais que ela tenha sofrido diversas transformações durante os anos, o olhar diacrônico lançado sobre ela nos permite compreender sua sincronia. Mas essa perspectiva sobre outras épocas já está se alterando nos últimos anos, pois nos cursos de licenciatura de história tem grande destaque a preocupação da vinculação do que se ensina com a realidade do aluno, isso para construir significância.
Abçs
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ExcluirMeu caro, vamos iniciar pela língua que você usou para fazer essa crítica (legítima, quero frisar aqui, porém equivocada, em minha modesta opinião). Você se expressa na "última flor do Lácio", o português. No caso, o português modificado pelo iorubá e pelo tupi-guarani, idiomas dos povos explorados pelo Império luso nas Américas. E depois, pelas línguas dos imigrantes dos quatro cantos do mundo que para cá vieram e fizeram do Brasil este caldeirão cultural. Ou seja, até para escrever bem em sua própria língua convém saber a origem e etimologia de palavras e expressões vinculadas àquele passado que você acredita não ter nada a nos dizer.
ExcluirMas há muito mais. Como amante da matemática, você deve muito mais do que imagina a egípcios e gregos antigos. Se quiser mesmo conhecer sua disciplina, deve buscar reconstituir o conhecimento na sua área desde os primórdios e compreender os problemas práticos e teóricos daqueles que fizeram avançar o conhecimento matemático. Claro que pode dispensar isso, mas nesse caso será um matemático menos erudito na sua própria disciplina. Não é pecado, é apenas uma limitação profissional e pessoal.
Porém, você não é só um amante da matemática ou um profissional. É também um cidadão e tem responsabilidades enquanto tal. Participa de uma cultura social, seja nacional, seja mundial. Nossa sociedade e nossa cultura não caíram do céu nem nasceram prontas. Se são como são, isso se deve à maneira como surgiram e se transformaram ao longo do tempo. Se você quer (e acredito nisso) contribuir para melhorar nossa sociedade e cultura, não basta olhar a fotografia: tem que ver o filme para entendê-las. Isso te dá melhores condições para atuar, como profissional, cidadão e indivíduo, no sentido da melhora da sociedade e da cultura em que vivemos. E acredito que isso seja responsabilidade de todos nós, concorda? Finalmente, como amante da matemática, você deve preferir o raciocínio lógico que leva a resultados únicos para cada problema, e não a diversas soluções que polemizam entre si. Talvez seja isso que te incomoda nas Humanas. Mas a própria matemática desenvolveu a teoria do caos, que a enriquece muito ao se contrapor à lógica tradicional na disciplina. E perceber que as respostas não são únicas e dependem do quadro de referências de cada um não é muito mais desafiador? Não traz mais emoção? Curiosidade em rastrear as referências e pontos de partida do interlocutor? Esse é um dos elementos do prazer que a Professora Laura menciona como imprescindível à vida. Que você sinta mais prazer com a matemática é compreensível e legítimo, mas talvez estas reflexões te ajudem a compreender o prazer que tantos (como eu) sentem com a História. Aliás, também gosto de matemática. Mas História, para mim e para muitos, é paixão. Nenhum de nós é melhor que o outro. Mas, assim como entendo seu amor à matemática, espero contribuir para te levar a compreender o prazer de tantos(as) com a História.
Tem uma frase bem famosa (mas que agora não me recordo se é Durkheim)que seria: "os homens passam toda a vida procurando o valor do X e não sabem o valor do Homem ao seu lado". Algo assim, espero que ajude a refletir, pois a vida é bem complexa, o estudo dói muito, nosso interior se quebra em muitas partes depois de ler alguns textos pesados e polêmicos, mas vale a pena elevar nossa consciência e expandir nossos horizontes. Leiam Koselleck, tem muita coisa legal. :D
ExcluirTexto muito bem escrito e interessante. Ao contrário de alguns comentários lamentáveis que deixaram aqui. Um curso de história, seja onde for, ensina a utilizar conceitos, (como ''comunismo'') de forma apropriada.
ResponderExcluirPor favor, Elisson, vai estudar, se torne uma pessoa mais compreensiva e menos mal educada. O mundo agradece!
Por favor, se quiser me citar, pelo menos leia o texto inteiro. Polidez vem depois da verdade. O que seria forma apropriada? Tudo relacionado a comunismo é distorcido, porque ele se baseia na relativização de tudo. Quem precisa estudar é você.
ExcluirMan, que tipo de Comunismo voce fala ? Que ódio é esse frente a algo que, se pa, nunca foi implantado ? Comunismo primitivo, que vem de Jesus (se é que ele existiu, ou se é que ele foi UMA pessoa) é algo lindo, algo palpável e que vemos que da certo no dia-a-dia. O respeito e a coletivização dos bens salva infinitas vidas, tira pessoas da miséria, da fome, e são todos preceitos utilizados por essa esquerda corrupta (até o PT) e que são a base de um comunismo real.
ExcluirEu tbm faço História em ASSIS na UNESP, fiz um curso medíocre e nem sei se me formarei em 7 anos, mais a vida é bem mais doq isso parsa. Se voce ta perdido, igual eu estou, se está enfurecido com a realidade cotidiana, a culpa não é do Comunismo, nem de professores e textos que podem ter te magoado, a culpa é da própria História dos Homens, das ações do Homem frente a História, da atual Alienação do Homem pelo Homem, e tbm é sua, de reclamar e criticar e não ser mais construtivo.
Dq adianta ficar aqui reclamando ?? Eu tbm não acho que curriculum e diploma servem de algo, pra mim não é algo palpável e real, e essa deseducação que vivemos é extremamente dolorida para pessoas como nós. Mas ser um "revolto", puto com tudo e todos, puto com a História pelo seu viés "injusto" frente aos indivíduos, não nos levará a lugar algum.
Eu mesmo, pretendo abrir uma Escola Alternativa, será COmunista sim, agora, os MOLDES, ai são as pessoas que escolhem, pois o BEM por tras das ações é muito maior doq qlqer coisa que Marx ou Cristo disseram, ele é real, é palpável e pode ser alcançado. A resistência sempre estará viva, somos pisoteados historicamente, humilhados (e olha que eu sou branco, classe mérda e tenho infinitos privilégios sociais nessa falsa democracia) mas temos que lutar pelos menos favorecidos, salvar o máximo de vidas que pudermos e usar das chances que estão em nossas mãos para criar algo diferente, algo bom, pois História pela História, parsa, é apenas isso, tem que servir pra vida.
Abraço, boa caminhada e respira, take it
easy. Pedro.
Adoro a História. Para mim a melhor disciplina do conhecimento humano.
ResponderExcluirFiquei agradavelmente surpresa com a informação sobre os médicos e o interesse pela História! Sempre achei que era um paradoxo meu. E mesmo encontrando alguns colegas e amigos de trabalho que compartilhavam esse 'estranho amor', pensava que isso era uma das excentricidades que nos uniam. Mas eu sempre digo que médico que mereça o título tem que gostar de gente, gostar do que é humano. E é por esse mesmo motivo que também nos interessa a História. Obrigada!
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ResponderExcluirAprendi a gostar de História, graças a minha professora Nana, na 1ª série do primário. A minha mestre favorita entrava na sala de aula com dúzias de livros debaixo de seu braço, e após colocar na mesa, escrevia na lousa o tema a ser descrito. Um ritual que permaneceria em toda a fase do meu primeiro ensino escolar. Era tão detalhista na narrativa, que não havia nenhum aluno desatento às suas palavras. Viajava por um mundo de personagens históricos em que me sentia ser Anita, Imperatriz Leopoldina, Iracema, a Chica da Silva e dentre outras mulheres. Amo os historiadores, os pesquisadores, os museólogos, os antropólogos, enfim, e a todos o meu grande respeito e o enorme carinho aos meus mestres.
ExcluirExcelente texto, Profa. Laura! Vou utulizá-lo em aula. Compartilhando no Face. Obrigado.
ResponderExcluirCompreender nosso passado nos faz refletir o momento presente da nossa História, Laura diz tudo nesse lindo texto.
ResponderExcluirEsplêndido!
ResponderExcluirÉ uma honra ter sido aluna de uma intelectual como Laura de Mello e Souza e poder hoje compartilhar da diversão deste ofício que nos faz cada dia mais humanos.
ResponderExcluirRealmente, estudar e ensinar História é se conhecer como agente transformador, revelador e conscientizador, Sou professor de História por formação acadêmica, vocação a educação e amor a humanidade!
ResponderExcluirA História, cria no cidadão uma consciência crítica, diante dos acontecimentos, verificando a vericidade dos fatos.
ResponderExcluirÉ extremamente excepcional como pensa a ilustre professora,uma vez que demonstrou a nós,em não muitas palavras e com uma magnifica grandeza a importância da história como conhecimento vitalmente necessário, à ser conquistado pelo homem. Ficou muito claro o quanto a história nos oferece amplas modalidades para adentrarmos neste passado infinito.Mas,é necessário dá um "mergulho" no mesmo por meio da antropologia, arqueologia, biologia e etc. Em fim, são muitas porta. Devo dizer que quem se interessa pela a historia não é porque apenas gostar dela, definitivamente é porque se apaixonar por ela.
ResponderExcluirExcelente.
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