Em primeiro
lugar, gostaríamos de dizer que aqui não vai nenhuma acusação moral. Passar
seminários não é sinal de falcatruagem.
O que é objeto, aqui, de crítica, é o seminário longo, em que o professor abre
mão de mais de uma hora de sua aula, deixando-a nas mãos de grupos (às vezes
enormes!) de alunos. Não é a apresentação de textos por alunos. Que haja um ou
mais responsáveis por um texto em uma aula é ótimo. Não se trata, tampouco, de
apresentações curtas em que o protagonismo do professor (que foi quem, afinal,
nos motivou a nos inscrevermos na disciplina) não é posto em questão.
De qualquer
forma, talvez tenhamos aqui um espaço privilegiado para dar um feedback a nossos bons professores (os
que podemos sensibilizar!) sobre os seminários de alunos que são, infelizmente,
muito comuns. Cabe dizer que a ausência maciça de alunos nesse tipo de
seminário, quando a presença não é cobrada, não é sinal de nossa falta de
seriedade. É, sim, sintoma do que procuraremos descrever aqui.
Ao legar a
um grupo de 3 a 7 alunos a responsabilidade de preparar uma aula (que é o que
é, afinal, um seminário), um professor decerto dá a este grupo uma oportunidade
única de aprendizado – afinal, terá de ser professor por um dia, com todas as
investigações bibliográficas que esta atividade pressupõe.
Preparar
esta aula não é, no entanto, a principal atividade profissional dos que
preparam o seminário. Geralmente, a aula em questão será, também, o primeiro
contato que terão com o material a ser apresentado. O fato de ela valer ponto contribui para grande tensão
e ansiedade por parte dos que apresentam.
O
resultado, para os que assistem seus colegas, costuma ser bem pouco apelativo.
Há um acordo tácito entre os que apresentam e os que assistem para que não haja
perguntas, para não complicar a vida dos que estão na frente, que afinal se
preocupam com a nota a receber. O que se desenvolve é, portanto, um simulacro
de aula, que uns assistem e outros dão aula, ambos motivados por desagradável
obrigação. Invariavelmente, o grupo ultrapassa o tempo limite que tinha, e uma
possível discussão a ser feita no final da aula não acontece.
Em suma:
não é que se devam proibir seminários. Mas eles devem ser tratados, de forma
geral, com mais cuidado. Não são bons substitutos de professores, pelo
contrário: bons seminários, curtos, com discussão, parecendo-se menos com aula
e mais com apresentações de textos específicos (de preferência sendo possível
que os demais alunos os tenham lido!) são o ideal. ●
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