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domingo, 8 de junho de 2014

Carta do editor

Há poucas questões capazes de colocar um freio na pluralidade que decidimos ter aqui na Folha. Não foi muito difícil mapeá-las: são as questões que envolvem a disseminação de sofrimento imerecido. Entre elas, está a do machismo e o preconceito de gênero, capaz de transformar metade da população em “minoria”.
Quando decidimos elaborar uma edição voltada para a discussão de questões de gênero, sabíamos que seria impossível adotar uma abordagem exaustiva da questão – o tamanho de nosso jornal é insuficiente e, mais significativamente, a quantidade de coisas que vem sendo produzida sobre o tema é infindável. Sendo assim, o critério que escolhemos na seleção dos que escreveriam foi bastante idiossincrático. Nossa equipe entrou em contato com pessoas que, sabíamos, se dedicam a estudar este assunto e pedimos para que escrevessem sobre o que quisessem dentro do grande conjunto dos “estudos de gênero”.
Os resultados foram surpreendentes. Na parte reservada aos professores, conseguimos contribuições de duas pesquisadoras com trajetórias e temas completamente diferentes, mesmo se unidas por curiosidades semelhantes. A primeira que convidamos foi a professora Rachel Soihet, do departamento de História da UFF. Seu artigo traça a trajetória da historiografia sobre as mulheres, mostrando sua evolução como objeto de estudo. Já Maria Díaz-Benítez, antropóloga do Museu Nacional/UFRJ, explora a liberdade que sua área lhe proporciona para falar sobre as mulheres em um ambiente pouco discutido: os filmes pornôs. Díaz-Benítez explora as semelhanças entre os perigos e prazeres do pornô e do sexo “normal”, lançando mão para isso de alguns conceitos que criou para se aproximar de algo que para muita gente é completamente estrangeiro.
Os artigos da seção reservada aos alunos discutem várias das questões relacionadas ao gênero. Sem que isso fosse pedido, todas eles se referem a aspectos da vida cotidiana em que o machismo se faz presente: Luciana Vasconcellos discute as cantadas de rua, ou street harassment, e seu efeito sobre a capacidade das mulheres terem uma boa experiência com o espaço público; Brena O’Dwyer fala sobre a representação de mulheres em filmes de sucesso, como 50 tons de cinza, Jogos Vorazes e Crepúsculo. O artigo de Juliana Streva funciona como uma apologia desta edição: se você tem alguma dúvida sobre a necessidade de se discutir sobre feminismo... o texto de Streva é um excelente começo para o leitor que vir a Folha e pensar “machismo? Isso não existe”. 

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