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quarta-feira, 5 de outubro de 2016

Edição de 2016

Nesta edição:
2 - O estado do bem-estar social é de esquerda? Por Celia Lessa Kerstenetzky
3 - Por que deveríamos nos interessar mais pela filosofia dos sofistas? Por Luís Fellipe Bellintani Ribeiro.
4 - Schneider à beira-mar - Schneider
5 - Um Nobel para o jornalismo - Matheus Torreão

6 - Sarabande - Antonio Kerstenetzky

Carta do Editor

Caro leitor,

Esta deve ser, ao que tudo indica,
a edição de despedida da Folha do Gragoatá. Nossa equipe se graduou ou está se formando, tirando seu peso de cima da Folha que, levinha, deve flutuar impelida pelo vento, sozinha na internet. Como de hábito, incluímos nesta edição dois textos de professores convidados, além de várias preciosas contribuições de alunos.

Um convidado é o professor Luís Fellipe Bellintani Ribeiro, professor de Filosofia Antiga na UFF. Bellintani é um dos maiores especialistas brasileiros na filosofia dos sofistas. Seu texto dedica-se a tarefa aparentemente paradoxal: dado que, defende, a política se disputa no terreno da opinião, como podemos fundar, com a fala, convenções que nos levem a termos uma boa vida em comunidade? Bellintani propõe que o pensamento de alguns sofistas deve servir de respaldo para a intervenção pública nos dias de hoje. Sua provocadora proposta tenta unir, no mesmo sopro, as bandeiras do multiculturalismo e dos direitos humanos – difícil casamento que continua a ser um dos grandes desafios da esquerda contemporânea.

O artigo de nossa outra convidada, Celia Lessa Kerstenetzky, professora de Economia na UFRJ, é justamente um tal tipo de intervenção: Kerstenetzky defende a adoção de políticas públicas voltadas à criação de um Estado do Bem-Estar como a melhor forma de promover tanto o crescimento econômico quanto a maior possível redução das desigualdades. Os
adversários desse tipo de Estado costumam estar à direita do campo político: defensores do mercado como instituição capaz de resolver os problemas sociais. No ICHF, no entanto, grande parte dos detratores da socialdemocracia (não confundir com o PSDB) estão à esquerda destas propostas, defendendo que só o fim do capitalismo de fato representará uma melhoria substancial na qualidade de vida dos mais pobres. Em alguns casos mais radicais, que as reformas sugeridas por Kerstenetzky suavizariam a luta de classes, impedindo que este “motor” da história fizesse o que fará eventualmente e acabaria com a ordem burguesa. Sendo assim, a pergunta que fiz à professora, e que motivou seu texto, foi “O Estado do Bem-Estar é de esquerda?”. Sendo difícil dizer o que quer dizer “ser de esquerda”, a professora devolve a pergunta o leitor. Com uma apresentação do que é esta forma de Estado, ela parece dizer – se não é isto, o que deseja alguém que se diz de esquerda?

Com relação aos artigos de alunos, há, como sempre, grande variedade de intervenções – do texto de vários ritmos de Schneider à crítica de cinema de Beatriz Reis, passando pela atividade jornalística de García Marquez. Com isso, pensamos em dar um fim digno a este projeto, tocado para ajudar a dar cor a nosso querido Instituto de Ciências Humanas e Filosofia. Nosso muito obrigado aos professores que nos ajudaram com suas contribuições e divulgando o jornal; e aos alunos que nos enviaram seus escritos e por vezes perguntavam quando sairia, finalmente, a próxima edição.