Uma nova edição da Folha chega à nossa universidade no momento em que ela está mais dinâmica: o início de um novo semestre, ainda que turbulento. Calouros ansiosos entrando na fila do bandejão como se não houvesse amanhã (até encararem o primeiro peixe, convenhamos), professores e alunos voltando à ativa, discutindo seus interesses, decidindo seus rumos depois de aproveitarem (ô!) suas duas semanas de férias. Lindo.
Se pensarmos em início de semestre já fica óbvio do que vamos reclamar nessa edição, IdUFF e cia., claro. Todos os alunos do ciclo básico da graduação em história com problemas no sistema – os que estão se candidatando às disciplinas que não são próprias do seu semestre e turno, então, nem se fala. O sistema diz que estamos excedentes, porque alguém configurou essas matérias para aceitarem 10 pessoas no máximo. Básico com 10 alunos, quem dera! Pode passar de 50, como todos sabem.
Ah, foi um erro de digitação? Ah, sim, claro, o IdUFF também é humano.
Bem, não sejamos rudes, claro, existe a possibilidade de que os responsáveis não tenham conseguido retificar essa pequena falha em tempo porque o sistema caiu, de repente é isso... Inclusive nós aqui da Folha lançamos mão das nossas credenciais oficiais de impressa e de uma destreza espetacular para conseguir carregar o IdUFF mais de uma vez por semana e recolher os dados necessários para essa seção.
É, foi. Porque a quantidade de vezes que o sistema esteve fora do ar ou extremamente lento durante o período de inscrição é quase comparável ao sistema da biblioteca – porque esse é hors concours, fui tentar acessar para escrever esse texto e continuam “preparando a ajuda para o novo catálogo online”... Ao fim dessa manutenção o sistema da BCG será o melhor do mundo.
E esse papo todo é só sobre a inscrição online. Tem muito pano pra manga. A integralização de currículo, criptografada para um observador menos atento; o lançamento das disciplinas de 2012.1 fora do prazo em mais de um caso; a carteirinha que demora séculos para chegar, não tem o número da matrícula, mas sim o da conta que você talvez queira abrir no Santander – esquisita essa história de amor, aliás, como também falamos no Editorial desta edição –; a Conexão UFF, a rede social dos nossos sonhos, em que as disciplinas desse semestre ainda não constam.
Isso tudo não pode ser erro de digitação. Será que toda burocracia pública é condenada à ineficiência? Será que falta investimento? Incentivo? Pessoal capacitado? Isso dá uma reportagem para outra edição, quem sabe... Porque ao contrário dos mosquitos ou da greve de ônibus, a questão do IdUFF é estrutural. Bem, talvez os mosquitos também, mas enfim.
O fato é que precisamos lutar pela melhora das nossas condições de estudo. Em minha opinião, sem transformar nossos problemas cotidianos em discussões sobre a questão da ajuda humanitária na Indochina. Imaginem se, cada vez que o IdUFF estiver fora do ar, cada estudante que tentasse acessá-lo mandasse um e-mail cobrando providências. É um meio de ação, assim como o movimento estudantil institucional. E qualquer um que disponha de cinco minutinhos pode fazer isso. Porque qualquer esforço é bem-vindo para manter essa universidade um exemplo de excelência, acho que nisso todos concordamos. E para lembrar a nós mesmos porque escolhemos e lutamos para estar aqui." ●
Pérola Lannes é graduanda em História pela UFF.Gostaria de escrever para esta seção? Mande uma crônica ou peça de opinião que evidencie obstáculos que a estrutura do ICHF (ou da UFF) coloca à qualidade do ensino para afolhadogragoata@gmail.com