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sábado, 16 de novembro de 2013

Agora, mas não o Agora, grupo do qual o Jean fez parte - Claudio Cabral


                           Agora escrevo letras que talvez não sejam letras no sentido tradicional, ou melhor, no sentido menos tradicional do termo letras, ou seja, aquele de letras a, b, c, d, etc, o sentido tradicional das letras, eu escrevo no outro sentido, digo, não o das letras de música, essas amor dor terror pudor horror, mas essas a, b, c, d, e as  escrevo porque estou em Paris, morando em minha primeira semana nesta terra que chamo Paris, que não é Páris, o do épico grego, que talvez tenha outro nome, mas não me lembro bem, mas Paris a cidade-luz ironicamente a cidadessubterrâneo, de acordo com o novo acordo gramatical que diz que o hífen deve morrer, e que vale a supremacia da letra dupla quando se trata de “r” ou ass(e), mas é mesmo assim a cidadessubterânea porque tem um, não, porque tem vários subterrâneos, tem suas catacumbas, que tem cadáveres e originaram o gótico, não o gótico arquitetônico, mas o gótico da zuera, ou seja, o gótico do pessoal da década de setenta que gostava de beber e vivia em Paris, no subterrâneo, e teve até salas de cinema no subterrâneo de Paris, aquela que tem um outro subterrâneo, o metrô, que é mais comum e extremamente subterrâneo, diferente das catacumbas, que são um pouco incomuns, porque a maior parte delas foi fechada e hoje em dia só há alguns quilômetros de catacumba aberta, mas em compensação há muitos quilômetros de metrô que podemos usar, assim como os góticos também usam, mas hoje em dia não está tão na moda, não o metrô, mas ser gótico não no sentido do gótico arquitetônico, como já disse, mas desses que gostavam de beber nas catacumbas de paris na década de setenta, na verdade a ideia de cidadessubterrânea veio do Jean, o Jean é um amigo meu que é filósofo, mas na verdade e na origem também é músico, apesar de ser um bom filósofo, digo, é o que ele diz eu não conheço de filosofia, mas parece que ele realmente é um bom filósofo, é um cara com muitas referências e que consegue citar muitas coisas e que tem muitos pontos bons sobre muitas coisas e que me ensinou muita coisa interessante sobre a área dele que é a ontologia que é uma área muito boa digo muito maneira digo uma área muito interessante da filosofia é a área que trata do essencial das coisas mas não sei se eles usam o termo essencial talvez seja coisa de outra linha da filosofia essa do essencial que talvez não seja a do Jean que é meu amigo que mora não morou em Paris faz um tempo e me disse que quando falam que tem um beliche na real são duas mesas uma em cima da outra ele é um cara muito sábio mas Paris é uma cidade complicada mas o Jean disse que Paris é uma cidadessubterrânea numa conversa comigo e numa gravação que ele fez num porão no qual morou mas não mora mais apesar de já ter morado e não ter gostado o que importa é que fiquei com a ideia de cidadessubterrânea na cabeça e ela me vem à mente toda vez que penso em Paris e que ando de metrô e que fico sem espaço● 

Claudio Cabral é graduando em música pela Universidade Paris VIII

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