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sábado, 16 de novembro de 2013

Editorial: O bom seminário

Em primeiro lugar, gostaríamos de dizer que aqui não vai nenhuma acusação moral. Passar seminários não é sinal de falcatruagem. O que é objeto, aqui, de crítica, é o seminário longo, em que o professor abre mão de mais de uma hora de sua aula, deixando-a nas mãos de grupos (às vezes enormes!) de alunos. Não é a apresentação de textos por alunos. Que haja um ou mais responsáveis por um texto em uma aula é ótimo. Não se trata, tampouco, de apresentações curtas em que o protagonismo do professor (que foi quem, afinal, nos motivou a nos inscrevermos na disciplina) não é posto em questão.
De qualquer forma, talvez tenhamos aqui um espaço privilegiado para dar um feedback a nossos bons professores (os que podemos sensibilizar!) sobre os seminários de alunos que são, infelizmente, muito comuns. Cabe dizer que a ausência maciça de alunos nesse tipo de seminário, quando a presença não é cobrada, não é sinal de nossa falta de seriedade. É, sim, sintoma do que procuraremos descrever aqui.
Ao legar a um grupo de 3 a 7 alunos a responsabilidade de preparar uma aula (que é o que é, afinal, um seminário), um professor decerto dá a este grupo uma oportunidade única de aprendizado – afinal, terá de ser professor por um dia, com todas as investigações bibliográficas que esta atividade pressupõe.
Preparar esta aula não é, no entanto, a principal atividade profissional dos que preparam o seminário. Geralmente, a aula em questão será, também, o primeiro contato que terão com o material a ser apresentado. O fato de ela valer ponto contribui para grande tensão e ansiedade por parte dos que apresentam.
O resultado, para os que assistem seus colegas, costuma ser bem pouco apelativo. Há um acordo tácito entre os que apresentam e os que assistem para que não haja perguntas, para não complicar a vida dos que estão na frente, que afinal se preocupam com a nota a receber. O que se desenvolve é, portanto, um simulacro de aula, que uns assistem e outros dão aula, ambos motivados por desagradável obrigação. Invariavelmente, o grupo ultrapassa o tempo limite que tinha, e uma possível discussão a ser feita no final da aula não acontece.

Em suma: não é que se devam proibir seminários. Mas eles devem ser tratados, de forma geral, com mais cuidado. Não são bons substitutos de professores, pelo contrário: bons seminários, curtos, com discussão, parecendo-se menos com aula e mais com apresentações de textos específicos (de preferência sendo possível que os demais alunos os tenham lido!) são o ideal.

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